Sua saúde ocular

Frustrado na Oftalmologia, sucesso na literatura

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23.06.2016

Nenhum paciente passou pela porta de meu consultório, o que me dá tempo para escrever”.

A desconcertante confissão de fracasso faz parte da autobiografia do médico escocês Conan Doyle, que estudou Oftalmologia em Viena em 1890 e regressou a Londres no ano seguinte onde, de acordo com suas próprias palavras, enfrentou dissabores neste campo profissional.

Mas, sua malograda atuação na clínica oftalmológica não foi motivo de preocupações, já que o frustrado oftalmologista já era escritor de sucesso e criador do personagem Sherlock Holmes, detetive de personalidade forte e marcante e notável poder de dedução para resolver crimes.

Arthur Conan Doyle

 

Arthur Ignatius Conan Doyle nasceu em Edimburgo (Escócia) em maio de 1859. Entre 1876 e 1881, ele estudou medicina na Universidade de Edimburgo. Atuou como médico naval e militar durante algum tempo e depois tentou a especialização em Oftalmologia.

Sua primeira obra notável foi Um Estudo em Vermelho, publicada no Beeton’s Christmas Annual de 1887, e que foi a primeira vez em que Sherlock Holmes apareceu. O personagem era parcialmente baseado em um professor da época na universidade, Joseph Bell e em outros personagens literários, entre os quais Monsieur Lecoq, criado pelo escritor francês Gaboriau, e o detetive Dupin, criação de Edgar Allan Poe.

Em 1885, ele se casou com Louisa (ou Louise) Hawkins, que sofria de tuberculose e acabou morrendo em 1906. Em 1907, casou-se com Jean Elizabeth Leckie, que faleceu em Londres em 1940.

Envolveu-se em campanhas políticas e com o Espiritismo e, de acordo com o historiador americano de ciências Richard Milner, pode ter sido um dos responsáveis pelo boato do chamado homem de Piltdown, um suposto fóssil de hominídeo que enganou o mundo científico por mais de 40 anos.

Faleceu em 1930, aos 71 anos de ataque cardíaco.

Sherlock Holmes (que originalmente se chamaria Sherrigford Holmes) é o detetive eminentemente cerebral, capaz de, à vista de um simples cartão de visita, traçar o perfil de seu dono, fornecendo dados que causam surpresa e admiração. Ele e seu inseparável companheiro, Dr. Watson, aparecem em quatro romances e 56 contos.

A morte de Sherlock Holmes

O sucesso do personagem chegou a incomodar Conan

 

Doyle, que tentou mata-lo numa refrega contra um malfeitor nas cataratas Reichenbach (Suíça), já que considerava que a literatura policial o afastava de tarefas mais sérias como ensaios políticos e sociais. A reação do público foi tal, com direito a insultos e marchas, que Sherlock Holmes teve que renascer, depois de uma tortuosa explicação de que na luta nas cataratas suíças apenas o bandido perseguido havia morrido.

Sherlock Holmes, ainda hoje, é um dos mais atraentes personagens dos romances policiais. Carismático e astuto, fez, do método científico e da lógica dedutiva, suas melhores armas. Sua habilidade para desvendar crimes aparentemente insolúveis até mesmo para a Scotland Yard transformou seu nome em sinônimo de detetive.

De acordo com Watson, que sempre é o relator das aventuras do detetive, ele é muito alto, extremamente magro, pálido, nariz fino. Pratica exercícios físicos apenas se exigidos em sua profissão. Dependendo do enigma do caso em que estiver envolvido, passa horas fumando cachimbo, que diz esclarecer a mente. Faz uso habitual da cocaína em protesto à monotonia e considera-se exímio violinista.

Sherlock Holmes viveu em Londres, no apartamento 221B Baker Street na companhia  de Watson.  Hoje, esse endereço é um museu dedicado ao personagem.

Holmes e Watson inspiraram dezenas de obras, peças teatrais, filmes e desenhos e ainda hoje podemos ver as digitais de Conan Doyle em muitas obras da indústria cultural como Dr. House e as novas versões hollywoodianas das sagas do detetive. Foi, inclusive, numa peça teatral que Holmes proferiu a famosa frase “elementar meu caro Watson”, que não aparece em nenhum romance ou conto escrito por Doyle.

 

Museu Sherlock Holmes, localizado na 221B Baker Street


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