Sua saúde ocular

Médico bate em portas de empresas para conseguir verba para Hospital São Paulo

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14.04.2015

Por Ana Flávia Oliveira, do IG


Chefe da oncologia ocular recorre a doação de empresários para ter projeto aprovado pelo Ministério da Saúde

Desde o final do ano passado, o médico oncologista Rubens Belfort Neto, chefe de oncologia ocular da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); responsável pelo Hospital São Paulo e a Escola Paulista de Medicina, tem dividido o consultório e o atendimento a pacientes com câncer no olho com o trabalho de bater na porta das empresas para captar recursos para o setor que dirige.

A peregrinação é por uma boa causa. O médico está tentando inscrever o programa Centro de Oncologia Ocular no Pronon (Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica). Criado em 2013 pelo Ministério da Saúde, o Pronon permite que empresas destinem 1% dos impostos sobre os lucros para programas autorizados nesta área. Os empresários escolhem o destino desse valor.

Para que o projeto do Hospital São Paulo, orçado em R$ 2,1 milhões, seja autorizado é necessária a captação de ao menos 60% do valor total. O programa prevê compra e manutenção de equipamentos, além de contração e treinamento de profissionais.

“Todos os meus sete médicos são voluntários, que vêm apenas uma manhã por semana. Os equipamentos são velhos e sucateados, sem manutenção. O dinheiro serviria também para contratar médicos anestesistas”, relata Belfort Neto.

Segundo o oncologista, por semana, o centro atende 3 novos paciente e outros 25 que já fazem tratamento. No ano passado, foram atendidos 424 novos doentes. Referência no Brasil todo para o tratamento de câncer ocular, o centro atende também pessoas de outros Estados.

“Nós tentamos atender a todos, mas tem uma fila de espera que queremos diminuir. Quando o paciente não é de São Paulo, ele pode demorar de dois a três meses para fazer essa primeira consulta. Quando é morador, costuma demorar de um a dois meses. Se a gente pede mais exames, a pessoa demora três meses para ser operado”, diz.

De acordo com estimativas do médico, a entrada dos recursos permitiria diminuir o tempo de espera em mais de 60%. Além disso, diz ele, espera-se que com a verba seja possível aumentar a possibilidade de diagnosticar o câncer ocular precocemente.

“A gente pretende produzir vídeos de diagnósticos que oncologistas do Brasil inteiro possam acessar. Assim, esse paciente não precisaria sair do seu Estado para ser diagnosticado em São Paulo”, diz.

Corrida contra o tempo

O calendário apertado é um dos principais entraves para o sucesso da tarefa. Belfort tem até o dia 30 deste mês para arrecadar 60% do total do programa. Segundo Belfort, até o momento foram doados cerca de R$ 650 mil. A meta é chegar a R$ 1,26 milhão até o final do prazo.

“O grande problema é fazer as grandes empresas entenderem quais são os benefícios desta lei. As empresas precisam entender que não perderão lucro. Não é doação, é renúncia fiscal. O trabalho das empresas é escolher qual projeto e enviar o dinheiro”, diz Belfort.

O programa, diz ele, tem uma prestação de contas muito rigorosa, com isenção plena e sem riscos para o doador.

O Hospital São Paulo é considerado uma referência entre os hospitais universitários de todo País. Com 753 leitos, a casa de saúde recebe do SUS (Sistema Único de Saúde) cerca de R$ 12,7 milhões por mês. Mas o dinheiro não é suficiente para suprir os gastos e o hospital registra déficit mensal de R$ 3,6 mil, segundo a assessoria de imprensa da Unifesp.

 


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